Nos últimos anos foi desenvolvida uma nova economia baseada em negócios digitais. Uma parte dessa nova economia, está condicionada ao mundo de criptomoedas e impulsionada pela rede Blockchain, que segundo Tapscott, um dos grandes estudiosos e entusiasta de Blockchain, oferece os quatros princípios de integridade: honestidade, consideração, responsabilidade e transparência.
O mercado brasileiro está avançado de forma exponencial em relação aos investimentos de criptomoedas, porém está atrasado em relação as outros países no uso das criptomoedas e das aplicações do seu uso, muito desse atraso, está relacionado a falta de conhecimento e o preconceito sobre as criptomoedas.
O Banco Central (BC) está preparando uma proposta para regulamentar as criptomoedas até o fim do ano de 2022. Entre uma dessas ideias, está relacionada a implementação do Real Digital, que tem o objetivo contribuir com novos modelos de negócios digitais e outras inovações baseadas nos avanços tecnológicos. Empresas como Itaú, Santander, Aave e Mercado Bitcoin estão selecionadas para participar do projeto. A tecnologia a ser utilizadas ainda está em estudos, mas o Blockchain é a opção mais provável.
“Uma economia simbólica que representa ativos do mundo real se desenvolverá e prosperará.
Dr. Leemon Baird, Inventor of Hashgraph,Co-founder of Hedera, President of Swirlds
No entanto, o processo de Tokenização é o que tem mais atraído curiosos, estudiosos, investidores e empresas. A tokenização pode ser considerada o processo de transformar um ativo real (algo tangível) em digital, com o uso do processo de fragmentação (parte fracionária) em unidades que são criptografadas e batizadas com o nome tokens. Todas as transações acontecem dentro de uma Blockchain.
Blockchain - a Base de tudo.
Para muitos, o blockchain é considerado uma tecnologia disruptiva e vem ganhando espaço em diversas áreas de estudos por ser uma tecnologia descentralizada. Segundo Satoshi Nakamoto, suposto criado do Bitcoin, o blockchain pode ser considerado com um livro razão aberto e imutável para registrar transações, mantido dentro de uma rede distribuída de pares mutuamente não confiáveis, cada par mantém uma cópia do livro-razão que pode registrar transações entre duas partes de forma eficiente, verificável e permanente. Os pares executam um protocolo de consenso para validar as transações, agrupá-las em blocos e construir uma cadeia de hash sobre os blocos, possui características próprias como ser distribuído e descentralizado, com poder de registrar transações entre duas partes de forma eficiente e verificável e permanente. A inovação por meio de uma Blockchain, é a garantia da fidelidade e segurança de um registro de dados e gera confiança sem a necessidade de um terceiro confiável.
A tecnologia Blockchain permite que qualquer rede de usuários rastreie e negocie praticamente qualquer coisa de valor.
A tecnologia Blockchain permite que qualquer rede de usuários rastreie e negocie praticamente qualquer coisa de valor.
Portanto, o uso mais intenso do Blockchain vai eliminar boa parte das funções de intermediação que existem na econômica, permitindo a negociação direta entre as partes envolvidas, com garantia da veracidade dos dados.
Princípio do Blockchain:
1) Peer-to-peer: sem intermediação, para transações diretas entre os usuários;
2) Sem autoridade central: Não é necessária uma autoridade central para a validação, pois as garantias advêm da tecnologia;
3) Proof of Work (Prova de esforço): Facilita a designação de quem criará os blocos;
4) Imutabilidade: Não pode ser alterado e, portanto, os dados não podem ser alterados com facilidade, garantindo assim que a segurança seja bastante rígida;
5) Protocolo de Consenso: Valida a sequência mais longa dos blocos entre a maioria;
6) Sincronização: possibilidade de retornar posteriormente à sua rede, atualizando sua cópia de Blockchain.
Tokenização
Token, se traduzido para o português, significa ficha ou símbolo. Uma curiosidade é que os tokens não são relativamente algo novo e existem desde muito antes do surgimento do blockhain. Os tokens podem representar quaisquer formas de valor econômico. Se voltarmos ao início das negociações no mundo, provavelmente, conchas e miçangas foram os primeiros tipos de fichas usadas.
Porém no nosso estudo, o termo token refere-se a um token especial de moeda virtual ou como as criptomoedas são denominadas. Esses tokens representam ativos ou utilitários fungíveis e negociáveis que residem em suas próprias blockchains. Os tokens de criptografia são frequentemente usados para arrecadar fundos para vendas coletivas, mas também podem servir como substitutos para outras coisas. Esses tokens geralmente são criados, distribuídos, vendidos e circulados por meio do processo padrão de oferta inicial de moedas (ICO), que envolve um exercício de crowdfunding para financiar o desenvolvimento de projetos.
A tokenização, portanto, tem três funções principais: facilitar o acesso ao capital para emissores, facilitar o acesso a investimentos para investidores e possibilitar a fracionamento de ativos.
A importância dos Tokens nos negócios
Os tokens podem representar a participação de um investidor em uma organização ou podem servir a um propósito econômico, assim como moeda legal. Isso significa que os detentores de tokens podem usá-los para fazer compras ou podem negociar tokens como outros títulos para obter lucro.
As possibilidades de “tokenização” para os negócios são diversas. Com a tokenização é possível desenvolver diversos projetos desde melhoras de cadeias de logisticas e supply até a tokenização de todo o negócio de uma organização. Além disso é possível desenvolver até uma criptomoeda.
Tipos de Tokens
Tokens de Pagamentos ( Payment Token): Como o próprio nome sugere, os tokens de pagamentos, podem ser considerados moedas, e são usados para compra e venda de bens e/ou serviços em plataformas digitais sem a necessidade de intermediação. Como as moedas fiduciárias, os tokens de pagamento ganham ou perdem valor com base nas leis de oferta e demanda. Maior demanda e menor oferta aumentam o valor, enquanto menor demanda e maior oferta diminuem o valor.
Tokens Utilitários ( Utility Token): Os tokens de utilidade são considerados cupons ou vouchers, mas essencialmente são unidades digitais que representam um valor no blockchain.Em outras palavras, o token fornece certo acesso a um produto ou serviço executado ou operado pelo emissor do token. Uma pessoa pode obter acesso comprando o token e pode resgatá-lo por um valor de acesso definido ao produto ou serviço. Um exemplo desse tipo de token são os fan tokens, que são os ativos digitais de clubes de futebol que possui como principal objetivo gerar engajamentos de base de torcedores e fãs.
Tokens de Segurança (Security Token): São criptomoedas securitizadas que derivam valor de um ativo externo que pode ser negociado sob um regulamento financeiro como garantia. Esse tipo de token é mais utilizado para tokenização de segurança de propriedade, títulos, ações, imóveis, propriedade e outras moedas do mundo real.
Portanto, devido à natureza das transações, sua troca, emissão, negociações, valor, tokenização, lastro e negociação devem ser controlados e governados por reguladores financeiros para proteger os investimentos dos usuários.
Os Tokens de Segurança são emitidos por meio da Oferta de Token de Segurança (STOs) com isso as suas aplicações incluem onde os investidores precisam de liquidação instantânea, transparência na gestão, divisibilidade de ativos, etc. Esse tipo de token são classificados em dois grupos diferentes:
Tokens apoiados por ativos: são apoiados por imóveis, arte, créditos de carbono ou commodities do mundo real como valor subjacente. Eles carregam características de ouro, prata, petróleo, etc. Eles são negociáveis, etc.
Tokens de patrimônio: são semelhantes às ações tradicionais em forma e operação, exceto que a propriedade e a transferência acontecem digitalmente. Os investidores têm direito a dividendos de ações e decisões gerenciais e do emissor. Os tokens de dívida representam empréstimos de curto prazo que carregam taxas de juros pré-definidas.
Tokens Não Fungíveis (NFT- Non Fungible Tokens) – A primeira NFT foi criada em 2015 na Blockchain Ethereum. Os tokens não fungiveis são aqueles tokens que representam algo único, ou seja, é um certificado digital de uma propriedade sobre um único ativo, não substituível ou não negociável com outro e um ativo único na Blockchain.
O seu desenvolvimento é usando a mesma tecnologia usada no desenvolvimento dos demais tokens. É muito utilizado para representar alguma arte, foto, vídeo, obra artística, itens colecionáveis, mundos virtuais (inclui aqui metaverso), memes, conteúdo digitais como posts em rede sociais, músicas, desenhos e etc. Como os dados estão registados na Blockchain, não podem ser duplicados ou alterados. São muito utilizados para provar direitos de propriedade, identidade e autenticidade.
Token DeFI ( Decentralized Finance) – Esses tokens são de finanças descentralizadas referem-se a aplicativos financeiros ou dApps construídos no Blockchain ou livro razão distribuido, portanto o que os torna distribuídos e aqueles que fornecem controle financeiro e monetário diretamente ao usuário, permitindo que eles negociem em escala global com métodos peer to peer e acesso a global mercados e por via de regra, essas soluções não são controladas por intermediários, como bancos ou outras instituições financeiras.
Esses tokens são uma forma de dinheiro programável onde os desenvolvedores podem programar lógica em pagamentos e fluxos de transações. Grande parte os tokens DeFI são atualmente baseados na Blockchain Ethereum. Por meio desses tokens, as pessoas podem ganhar, emprestar, emprestar, comprar/vender, ganhar juros, economizar, aumentar e gerenciar a carteira, comprar seguros, investir em títulos, investir em ações, investir em fundos, enviar e receber valor monetário, negociar valor em bolsas descentralizadas, invista e compre ativos, venda ativos e muito mais.
O recurso mais poderoso dos tokens DeFi são os contratos inteligentes, permitindo que qualquer pessoa defina, escreva, programe e execute regras de transações com base em determinadas condições e execute transações quando essas condições forem atendidas.
Considerações finais.
A tokenização tem o potencial de transformar mercados, com a possibilidade de gerar investimentos para uma pessoa, organização ou um grupo mais amplo de investidores e facilitar a inovação de novas ofertas de produtos e serviços.
Embora a lista de benefícios da tokenização seja longa, alguns dos principais benefícios que alavancar o uso da tecnologia blockchain promete oferece são:
Maior eficiência: a utilização da tecnologia blockchain elimina os intermediários, resultando em redução do tempo de liquidação e economia de custos para emissão.
Melhor conformidade: A tecnologia blockchain reduz o risco de erro e torna mais barato e fácil gerenciar requisitos complexos de conformidade programando regras de conformidade diretamente em cada token.
Menos burocracia para o seu negócio: A tokenização torna significativamente mais fácil alcançar e manter a conformidade com as regulamentações dos setores.
Impulsiona as inovações de pagamento: A tecnologia por trás da tokenização será essencial para muitas das maneiras como compramos e vendemos hoje. Desde a aceitação segura no ponto de venda na loja até pagamentos em trânsito, do comércio eletrônico tradicional a uma nova geração de pagamentos no aplicativo, a tokenização torna o pagamento com os dispositivos mais fácil e seguro do que nunca.
Inovação facilitada: Com a possibilidade contratos programáveis e livros compartilhados podem-se criar imóveis fracionados, acordos de compartilhamento de receita líquida, ETFS dinâmico e outras ofertas anteriormente não gerenciáveis
Reduz o risco de violações de dados: A Tokenização ajuda a proteger os negócios dos impactos financeiros negativos de um roubo de dados. Mesmo no caso de violação, dados pessoais valiosos simplesmente não existem para serem roubados. A tokenização não pode proteger sua empresa de uma violação de dados, mas pode reduzir as consequências financeiras de qualquer violação potencial.
Sobre o Autor
Alexandre Bastos é mestre em Administração de Empresas pela FGV, pós-graduado em Gestão da Inovação e Direito Digital pela FIA, pós-graduado em International Business pela BSP, MBA Executivo e pós-graduado em Gestão de Projetos pela Escola de Negócios do IMT, graduado em Sistemas de Informação na FIAP. Possui experiência de 22 anos na área de Tecnologia, atualmente trabalha com inovação e consultoria para empresas nacionais e internacionais, além de se dedicar a novos negócios e investimentos.